A justiça foi feita depois de mais de trinta anos.
O escultor Tom Otterness, que vive e trabalha no Brooklin, NY, perdeu um contrato com o metrô de São Francisco em 2011 por um crime que cometeu contra um dog há mais de trinta anos, crime pelo qual ele nunca foi processado.
Faz tempo vi as obras deste artista Tom Otterness no metrô de Nova York. Semana passada postei esta escultura no instagram(@dog.art.br).
Quando fui pesquisar mais sobre o escultor para colocar aqui no blog, li as matérias sobre a perda do contrato em 2011.
Em 1977, ele adotou, atirou e matou um cachorrinho e mostrou isto em vídeo, um vídeo de arte?!!!
O vídeo se chama Shot Dog Film.
A comissão desistiu do contrato no valor de $750.000, talvez por pressão dos amantes de animais, sociedades protetoras e moradores que se colocaram totalmente contra o artista, que cometeu tamanha crueldade, desenvolver as 59 esculturas e ainda ser pago por fundos públicos.
O escultor pediu desculpas publicamente por fazer o filme, chamando-o de “um ato indefensável que estou profundamente arrependido”, “indesculpável”, ato cometido numa época de muita turbulência emocional.
“Thirty years ago when I was 25 years old, I made a film in which I shot a dog. It was an indefensible act that I am deeply sorry for. Many of us have experienced profound emotional turmoil and despair. Few have made the mistake I made. I hope people can find it in their hearts to forgive me — Tom Otterness.”
Discutiram a sinceridade do seu arrependimento e que a doação de 50% do que ele iria ganhar para os animais seria uma forma de demonstrar que seu arrependimento era verdadeiro.
Discutiram também que a arte dele colocada em locais públicos, como o metrô, seria um lembrete constante de que apesar do absurdo do seu ato, ele foi recompensado e não punido.
O fim NÃO pode nunca justificar os meios. Nem a ciência, nem a arte, nenhum manifesto ou experimento seja de que tipo for pode justificar a crueldade e a perda de uma vida pra isto.
Podemos, de certa forma, fazer um link entre este acontecimento com o momento que estamos vivendo, momento que queremos mudanças, que nossa voz seja ouvida, momento que queremos “fazer o certo”. Esta quebra de contrato com o escultor que assassinou o cãozinho nos mostra que é possível lutar pelo que acreditamos. Com a união e com a certeza do que queremos e do que não queremos, podemos mudar o rumo e acertar!!
Sobre a arte, podemos dizer que o talento não está diretamente ligado à bondade do artista, infelizmente. Temos outros consagrados por sua arte que se mostraram muito cruéis.
Quanto ao escultor, espero que o artista tenha se arrependido verdadeiramente, quem sou eu para julgar. E que ele ainda tenha oportunidade de mostrar na vida a sensibilidade e o talento que ele tem na arte!